quinta-feira, 20 de agosto de 2009

MATUTO NO FITIBÓ

(Zé Laurentino)

"Hoje o pessoal do mato
Já tá se acivilizando
Já tem rapaz istudando
Pras bandas da Capitá
Já tem moça qui namora
Cum us imbigo de fora
Eticetra coisa e tá

Mai, essas coisa eu istranho
Mim dano e num acompanho
A Tar civilização
E nem qui a morte me mate
Eu nunca fui numa buate
E nunca vi televisão

E esse tar de cinema
Qui eu num sei nem Cuma é
Si é home, si é mulé
Si vem da lua ou do só
Um tiatro eu nunca vi
E também nunca assisti
Um jogo de fitibó

É isso mermo patrão
Eu nasci pra ser matuto
Viver qui nem bicho bruto
Dando di cumê a gado
Eu só sei mermo qui sô gente
Pruquê um véi meu parente
Dixe que eu sô batizado

Mas, por arte dos diabo
Um fi de cumpade Xico
O fazendeiro mai rico
Daquele meu arrebó
Cum priguiça de istudá
Invento de inventá
Um jogo de Fitibó

E nu paito da fazenda
Mandô butá duas barra
E eu fui oiá a farra
Do lote de vagabundo
Que quando vi, afroxei
Acredite qui eu achei
A coisa mio do mundo?

Eu, caboclo lazarino
Com dois metros de altura
Os braços dessa grossura
Medo pra mim é sulipa
De jogar tive um parpite
Aceitei logo um convite
Pro mode jogar de quipa

Me deram um calção listrado
E um par de joelheira
Também um par de chuteira
E uma camisa de gola
Que eu gritei: - arra Diabo!!
Se eu já peguei touro brabo
E derrubei pelo rabo
Pruquê num pego uma bola??

E o jogo começou
Com um juiz bom e honesto
E por siná era Hernesto
O nome do apitadô
Que, metido a justiceiro
Pra mode o jogo pará
Bastava a gente chutá
A cara do companheiro

Bola vai e bola vem…
Um tal de Zé Paraíba
Inventou de dá um driba
Nu fí de Xica brejeira
Este deu-lhe uma rasteira
Que o pobre do matuto
Passou uns cinco minuto
Imbolando na puêra

O juiz mandou chutar
Uma bola contra eu
Pruquê meu fubeque deu
Um chute no honorato
Ai o juiz errou!!!
Se o fubeque que chutou
Ele que pagasse o pato

Mas afiná, meu patrão
Não gosto de confusão
Mandei o cabra chutar
E fiquei isperando o choque.
Tanta força a bola vinha!
Vinha tão pequenininha!
Feito bola de badoque

A danada escorregou
Passou pelas minhas mãos
Deslizou pelos meus dedos
Bateu numa região
Foi batendo e eu caindo
Me espuliando no chão

O povo batero em rima
Me déro um chá de jalapa
Uns três copos de garapa
E um chá de quixabeira
Quando eu tive uma miora
Joguei a chuteira fora
E sai batendo a pueira

Daquele dia pra cá
Nem môde ganhar dinheiro
Nem mermo no istrangero
Nem cum chuva nem cum só
Nem aqui nem no deserto
Nunca mais passo nem perto
De um jogo de fitibó…"



Essa aí é em homenagem ao Fitibó Pernambucano

terça-feira, 4 de agosto de 2009

José Serra, amigo dos Nordestinos

Assim se faz a biografia de Serra em passagem pelo Nordeste Brasileiro

No Maranhão conheceu Gonçalves Dias, e previu como seria a vida no exílio, inspirando Gonçalves a escrever a Canção do Exílio. É amigo de longa data de João do Vale, mas também participou da expulsão dos Franceses, pra desgosto do Farol de Alexandria. Se Sarney morrer vai ser amigo de infância do Bigodudo maranhense;

Ajudou Domingos Jorge Velho a ocupar o Piauí;

No Ceará conheceu Humberto Teixeira, por intermédio de Luis Gonzaga, e deu pitacos na composição Asa Branca, mas já tinha conversado com José de Alencar, com quem participava de altos saraus, onde se discutia literatura e romantismo, idéia dele o indianismo, como cópia do cavaleirismo europeu, já que o Brasil não tinha alcançado o medievo;

No Rio Grande do Norte conheceu Câmara Cascudo, de quem foi aluno no curso de Economia, foi um paper dele no curso que levou Câmara Cascudo a escrever sobre o folclore brasileiro;

Foi na Paraíba que José Serra tornou-se amigo íntimo de Jackson do Pandeiro, aliás foi Serra quem apresentou a cumadre sebastiana ao forrozeiro. Quando Zé Limeira conheceu ele ficou tão apavorado com a figura medonha, e, principalmente com as gengivas, que ficou versejando absurdamente, e disse sem pestanejar: "Quando falá em areia, Se alembre do lhá-gá-lhá.;

Chirico ajudou Duarte Coelho não só a fundar Olinda, mas também foi dele a idéia de trazer a cana de açúcar para terras brasilis
Em Olinda ele ajudou Bernardo Vieira de Melo a proclamar a República de Olinda, não sem antes, mesmo tendo sido amigo de maurício de Nassau, ajudar Fernandes Vieira, vidal de Negreiros, Felipe camarão e Henrique Dias a expulsar os Holandeses das terras brasileiras;
No Recife teve participação discreta na revolução Pernambucana, ora do lado dos revoltosos, ora do lado das tropas bahianas alinhadas à coroa;
Também no Recife ajudou frei Caneca na Confederação do Equador, e posteriormente auxiliou Abreu e Lima e Pedro Ivo na Revolução Praieira; Também conviveu com Capiba, Felinto, Pedro Salgado, Guilherme e Fenelon, aliás o frevo é uma criação musical dele;

Ajudou Deodoro da Fonseca a proclamar a República, amigos que eram desde que aquele morava nas Alagoas, criou o Reisado;

Criou a luta de Espadas em Sergipe, lutou ao lado de Curisco e Lampião, que tinha conhecido em Serra Talhada-PE;

Além de ser amigo íntimo de Jorge Amado e Painho ACM, criou o axé e o samba de roda na Bahia, participu da Sabinada, foi o mentor de Castro Alves na luta pela Abolição da escravatura; foi íntimo amigo de Ruy Barbosa…


Sem falar que ele sabe perfeitamente quem são:

Bezouro, Moderno, Ezequiel, Candeeiro, Seca Preta, Labareda, Azulão, Arvoredo, Quina-Quina, Bananeira, Sabonete, Catingueira, Limoeiro, Lamparina, Mergulhão, Corisco, Volta Seca, Jararaca, cajarana, Viriato, Gitirana, Moita-Brava, Meia-Noite, Zambelê...

Como se pode notar, é um verdadeiro Nordestino