sexta-feira, 30 de outubro de 2015

SONETO DO BREVE MOMENTO

(Vinícius de Moraes)


Plumas de ninhos em teus seios; urnas 
De rubras flores em teu ventre; flores 
Por todo corpo teu, terso das dores 
De primaveras loucas e noturnas. 

Pântanos vegetais em tuas pernas 
A fremir de serpentes e de sáurios 
Itinerantes pelos multivários 
Rios de águas estáticas e eternas. 

Feras bramindo nas estepes frias 
De tuas brancas nádegas vazias 
Como um deserto transmudado em neve. 

E em meio a essa inumana fauna e flora 
Eu, nu e só, a ouvir o Homem que chora 
A vida e a morte no momento breve.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Autor Desconhecido*

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

(Agora leia de baixo para cima)

*Não, esse texto não é de Clarice Lispector

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/veiculos_de_comunicacao/OES/OES0306103/0306103_15.PDF